A SERRINHA FOI TRISTE MAIS AGORA
TÁ VOLTANDO A SORRIR DE NOVAMENTE
MANOEL MARQUES VIVEU COM TANTA GENTE
E NO CHAMADO DE DEUS JÁ FOI EMBROA
INDA TEM UM GIBÃO E UMA ESPORA
ONDE VADO BRINCOU COM SEUS VIZINHOS
E NESSA TARDE ENCONTREI DOIS PASSARINHOS
QUE ESVOAÇAM NA ALTA IMENSIDADE
E O ALPENDERE DA CASA DA SAUDADE
SEDE ESPAÇO PRA FESTA DE MARQUINHOS
ESSE ALPENDRE POR NÓS É VISITADO
E ESSA CASA TÃO SIMPLES FICOU BELA
ONDE O VENTO PENETRA NA JANELA
LAGARTIXAS PASSEIAM NO TELHADO
ENCONTREI UMA IMAGEM DO PASSADO
ENCOSTADO A UM CHIQUEIRO DE GALINHA
E BEM PERTINHO DA PORTA DA COZINHA
A PANELA POR FOGO JÁ TINGIDA
TUDO QUANDO FAREMOS NESTA VIDA
É EM TORNO DE DONA TEREZINHA
(ALDO NEVES)
OUTRO ENCONTRO VAI SER MUITO CUSTOSO
MISTURANDOA RESSACA COM BEBIDA
VENDO A PRAÇA ENFEITANDO A AVENIDA
E COM DIRCEU NUM DISCURSO MAJESTOSO
ELE ALÉM DE POETA É CAPRICHOSO
E O SEU PESO DE VERSOS DEU NO MEU
UMA ESTRELA SUBIU O CÉU DESCEU
NO SEMBLANTE ENRUGADO O CHORO
INVADE
E TODO MUNDO SOLUÇA COM SAUDADE
NA SÁIDA DO POVO DE DIRCEU
MOTE: FICA O DIA MAIS BONITO
NA PRESENÇA DE DIRCEU
GLOSA: ALDO NEVES
DIRCEU JÁ NASCEU FORMADO
NAS AULAS DA NATUREZA
VENDO UM CÃO QUE AMOLA A PRESA
SENTINDO UM PEBA ENCOVADO
O VENTO ESFRIANDO O PRADO
DEPOIS QUE AMANHECEU
MEIO DIA O SOL PENDEU
E UM NAMBU DEU UM APITO
FICA O DIA MAIS BONITO
NA PRESENÇA DE DIRDEU
QUEM NASCEU NA MINHA TERRA
OUVIU CHOCALHO TOCANDO
JÁ VIU VAQUEIRO ABOIANDO
PERTO DO SOPÉ DA SERRA
VENDO UM DIA QUE SE ENCERRA
E DEPOIS QUE ESCURECEU
TRAVESSOU RIO QUE ENCHEU
PENDURADO NUM CAMBITO
FICA O DIA MAIS BONITO
NA PRESENÇA DE DIRCEU
DIRCEU DEIXOU SUA CAMA
PARTIU COMO VETERANO
NÃO VAI PASSAR MAIS UM ANO
SEM VIR Á TUPARETAMA
ONDE O VERSO SE DERRAMA
IGUAL COPO QUE ENCHEU
QUE O DONO LHE ESQUECEU
MAIS DEPOIS FICOU AFLITO
FICA O DIA MAIS BONITO
NA PRESENÇA DE DIRCEU
Algumas
sextilhas do poeta aldo Neves na cantoria de inauguração de sua viola, na Pousada do Vale, no dia 16/02/2008.
Eu
puxei antigamente
Jumento
pelo estovo
Vendo
pai fazendo cerca
E
minha mãe juntando ovo
Daria
tudo que tenho
Pra
ser criança de novo
Sextilha (A paisagem Nordestina)
A
paisagem nordestina
Primeiro
a chuva caindo
Segundo
a terra molhada
Terceiro
a flor se abrindo
Quarto
um açude sangrando
Quinto
a pastagem surgindo
(Aldo Neves)
Mais
sextilhas da cantoria:
Pra
o homem que é vigilante
O
seu sofrer continua
Que
só tem por companhia
A
solidão e a lua
Cuida
da casa dos outros
E a noite
cuida da sua
Nessa
hora na calçada
Cochila
um ébrio deitado
O
silêncio faz visita
Na
cela d’um carcerado
E a
natureza me obriga
Viver
sonhando acordado
A
noite acolhe os fantasma
Um
detento forra a cela
A
lua nasce embassada
Por
trás da nuvem amarela
Se a
viola é minha cruz
Vou
ter que carregar ela.
Eu
comparo a mocidade
Com
a aurora prateada
Velhice
cadeia triste
Com
sua porta fechada
Que
o delegado dos anos
Ver
tudo mas não faz nada
Quando
o inverno começa
Toda
tristeza se esconde
Uma
casaca de couro
Canta
e outra responde
E a
cheia arranca um caniço
E
vai deixar não sei aonde.
Quando
chove no sertão
Fica
tudo diferente
A
compesa solta, a agua,
Cobra
e humilha o cliente.
Deus
quando manda é de grasça
Não
cobra nada da gente
A
enchente empurra as varas
Pra
desmanchar o caniço
As
abelhas fazem mel
Se
enganchar no cortiço
Quem
se criou no sertão
Sabe
o que é tudo isso
(Aldo Neves)
Admiro
a sabiá
Por
ser uma ave bela
Faz
o ninho poe e choca
E
quer o filho perto dela
E
tem mãe que mata a criança
Pra
não dá trabalho a ela.
(Dió de Santo
Izidro)
Numa
missa em Tuparetama, na missa do dia dos pais em agosto 2006, o poeta Aldo
Neves fez:
Decassílabo
Jesus
cristo tem sido até agora
Protetor
de ateus e de pagãos
Me
entrego senhor em tuas maõs
Tando
aqui ou andando mundo afora
Ele ajuda a que ri e a quem chora
Porque
é paciente e bom amigo
Me
livrando da treva e do perigo
É o
mestre do mundo e da igreja
E
por mais longe senhor que eu esteja
Com
certeza eu alcanço o teu abrigo
Sextilha
Quando
chove no sertão
Se
acabam todos os horrores
As
abelhas fazem mel
Tirando
o néctar das flores
E a
capina é o cenário
Do
filme dos cantadores
Mote:
FICOU FELIZ O SERTÃO
COM A CHUVA NOVAMENTE (Josa Rabêlo) dia
10 de junho/2007
Com
medo de um perdigueiro
Corre
um preá pra coivara
E
uma rolinha se ampara
Na
sombra de um juazeiro
Na
sangria de um barreiro
Canta
um cururu contente
Deus
deixa a cigarra ausente
E dá
lugar pra o carão
Ficou
feliz o sertão
Com
a chuva novamemte
Quando
a terra está molhada
No
curral as vacas mugem
Camponês
tira a ferrugem
Do
gume da sua enxada
Levanta
de madrugada
Já
vai escolher semente
E
não vai fIcar um vivente
Sem
plantar milho e feijão
Ficou
feliz o sertão
Com
a chuva novamente
Quem
tinha arrumado a mala
Não
vai sair do sertão
Na
zuada do trovão
Toda
cigarra se cala
No
riacho a água embala
Levando
o que tem na frente
Parecendo
uma serpente
Se
arrastando pelo chão
Ficou
feliz o sertão
Com
a chuva novamente
A
nuvem sofre um desmaio
Deixando
o céu colorido
O
trovão dá estampido
Como
quem faz um ensaio
Um
pe´de apara-raio
Se
balança lentamente
Não
se parece com gente
Mas
dá ligeira impressão
Ficou
feliz o sertão
Com
a chuva novamente
No
riacho a água sobra
Levando
as folhas da serra
Deus
une o céu com a terra
Quando
a chuva se desdobra
Pra
se esconder de uma cobra
Sai
um sapo velozmente
E
num relâmpago do nascente
Deus
tira a foto do chão
Ficou
feliz o sertão
Com
a chuva novamente
(Aldo
Neves)
O poeta Aldo Neves, no mote
de Josa Rabêlo:
VALORIZE A CULTURA DO SERTÃO,
FECHE AS PORTAS À MÍDIA ENGANADORA.
Valorize o caboclo nordestino
O gibão, o vaqueiro e sua cela;
O curral o mourão e a cancela,
O chocalho que é boca de sino.
Dê valor ao caboclo campesino
Que é o homem sofrido da lavoura.
E por aí já tem mais de uma emissora
Que não sabe quem foi um Gonzagão,
VALORIZE A CULTURA DO SERTÃO,
FECHE AS PORTAS À MÍDIA
ENGANADORA.
Dê valor a um carão de madrugada,
Que não é um doutor mas advinha.
E vinte pintos seguir uma galinha
E ela só, tomar conta da ninhada.
E um trovão estralar de madrugada
Sem contato com os fios da emissora.
E a formiga cortar sem ter tesoura
Estragando a lavoura do feijão.
VALORIZE A CULTURA DO SERTÃO,
FECHE AS PORTAS À MÍDIA ENGADORA
Camponez quando acorda sabe a hora
Com o galo que é seu seresteiro
Com o sapo cantando no barreiro
E com o sol enfeitando a branca aurora
Um riacho jogando água pra fora
Sem ter canos que sirva de adutora
Inda tem nessa terra encantadora
A sanfona, o chapéu e o gibão
VALORIZE A CULTURA DO SERTÃO
FECHE AS PORTAS PRA MÍDIA ENGANADORA
O poeta do pé da serra – Aldo Neves,
(Aldo de Luiz Terto), fez esses versos em homenagem aos 48 de convivência de
João Martins e Dona Nilza.
São quarenta e oito anos
De muita felicidade
Do lado de dona Nilza
Prazer e honestidade
Do lado de João Martins
Safadeza e falsidade.
João Martins pediu que o poeta não
acabasse com ele e o poeta fez:
São quarenta e oito anos
De convivência e respeito
Aonde existem bons planos
A união faz efeito
E nem na loto se ganha
Um homem bom desse jeito
Na Exposição de Animais de Tuparetama vendo a lua sair cheia e bonita
Josa Rabêlo pediu ao poeta Aldo Neves que fizesse um verso pra ela, a lua.
A lua no Céu Vagueia
Como um barco que flutua
Inspirando o seresteiro
Jogando os raios na rua
Tudo que o poeta é
Só deve a Deus e a lua
Pra lua sair bonita
Deus é quem abre a janela
E o quadro azul do espaço
A natureza pincela
Num sei quem é mais bonita
Se a noite ou se é ela
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
SEXTILHAS
O homem tira da terra
O pão pra botar na mesa
Sem precisar poluir
O rio e nem a represa
Deus vira as costa pr’àqueles
Que ferem a natureza
Mote: ESCUTEI A ROQUEIRA DO TROVÃO
AVISANDO O SERTÃO VAI SER MOLHADO
(Joaquim Filó)
Glosa: Aldo Neves
O sertão quando a terra está molhada
A enchente no rio faz rumores
As abelhas brincando com as flores
Sertanejo se acorda à madrugada
Meia noite uma serra é aguada
Com um chuveiro depois de destrancado
Carro pipa de tanque enferrujado
E a cigarra esquecida do verão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
Uma nuvem se forma no nascente
Com a força do vento se balança
Jitirana nas cercas fazem trança
Canta os sapos felizes na enchente
Para a terra Deus manda esse presente
Tantas vezes e nada tem cobrado
E as formigas trabalham no roçado
Igual gente fazendo procissão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
Quando sobra fartura o pobre enrica
E recupera de novo a esperança
E um moleque com fome encosta a pança
Na panela melada de canjica
Vai embora o verão, o carão fica
Pra cantar quando o rio está de nado
E o nordeste só cheira a milho assado
Nas fogueiras de noite de São João
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
O cenário enfeitando a capoeira
Só o tempo querendo ele desmancha
E um enxame de abelhas se arrancha
Num buraco de um pau de aroeira
Na segunda o matuto vai à feira
Contar o que fez no seu roçado
E o fantasma da seca encarcerado
Sem querer Deus botou-lhe na prisão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
De manhã quando o sol enfeita a barra
Uma flor se desprende e cai do galho
Camponês recomeça o seu trabalho
Sem ouvir a cantiga da cigarra
À tardinha as gangarras fazem farra
Com o milho depois de pendoado
E a enchente parece um aleijado
Sem andar se arrastando pelo chão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
Passa a brisa de leve o chão bafeja
Deixa a terra bastante perfumada
Bate a água na telha compassada
Como o sino tocando na igreja
Se transforma a paisagem sertaneja
Com o mato depois de enfolhado
Parecendo um quadro desenhado
Que Deus fez sem triscar nem com a mão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
O trovão ribombando serra à baixo
Parecendo com um tiro numa guerra
Uma chuva bem leve molha a terra
Desce a água correndo prá um riacho
Uma jia cantando chama um macho
Como quem diz: Adeus, Muito obrigado!
Um rosário de barro avermelhado
Forma um círculo enfeitando o cacimbão
Escutei a roqueira do trovão
Avisando o sertão está molhado
(Aldo Neves)
É Terezinha, a mulher
Que aqui a gente ama
Não me guardou no seu ventre
Não me teve em sua cama
Mas é a segunda mãe
Que tenho em Tuparetama
Seu eu fosse parente dela
Cuidava com muito zelo
Tirava as rugas do rosto
Voltava a cor do cabelo
E sem dúvida era um puxa-saco
De Terezinha Rabelo
(Poeta Aldo Neves)
No teu beijo, Deus bota uma mistura
Que imitá-lo eu acho tão custoso
O teu beijo pra mim, é mais gostoso,
Que uma manga depois que está madura.
Porque que ele pra mim tem mais doçura
Que o miolo da própria melancia
Eu beijei o teu rosto e, não sabia,
Que o teu cheiro ficava em minha face
Se o teu beijo matasse quem beijasse
Eu beijava sabendo que morria
(Aldo Neves)
Nas eleições de 2000 em Tuparetama, o
grupo adversário de Sávio Torres, usou
da falta de respeito na hora da retirada de uma placa que continha a foto de
Sávio Torres. O Poeta Aldo Neves, nas eleições de 2004 no ato da colocação da
mesma placa fez...
Essa placa tem sido até agora
Grande vítima dos que lhe escoltaram
Quatro anos de dores já passaram
E a tristeza da gente foi embora
O prefeito tem sido até agora
Protetor de inveja e de maldade
Sávio Torres o povo tem vontade
De levá-lo ao palanque da mudança
Que pra gente é um pingo de esperança
Contra um mar de mentira e falsidade
Quem não recorda o Exu
Tem por lembrança o Museu
E quando Gonzagão morreu
Enlutou o Pajeú
Seu gibão de couro cru,
Ninguém veste o seu gibão
E tocava o pássaro carão
Na sanfona prateada
Eita saudade danada
Das festas de São João
Cada um tem um destino
Pra cumprir depois que nasce
Ah se Gonzagão voltasse
Pra tocar feito um menino
Até José Marcolino
Fez letra pra Gonzagão
E foi vítima de colisão
Com uma vaca na estrada
Eita saudade danada
Das festas de São João
Chá de êndrio e prá stress
E pra controlar a pressão
De boldo é pra o intestino
Ou sopro no coração
De laranja é pra quem leva
Cassete na eleição na eleição
Essa campanha de agora
A outra eleição retatra
De manhã tem movimento
À noite tem carreata
Que voto é igual veneno
Se for demais também mata
Vamos votar no 14
Pra não mudar o partido
Quem vota no 22
Além de está perdido
Vai passar mais quatro anos
Chorando e arrependido
O partido do 14
Com os votos que ele tem
Fez com que o 22
Dele virasse refém
Sávio virou Mick Tison
Não tem mais dó de ninguém
Sávio é prova de fogo
Vencê-lo a parada é dura
Vai passar mais 04 anos
Comandando a prefeitura
E essa gripe do 14
Virou mal que não tem cura
Quem acompanha o partido
É pra obter sucesso
Que Sávio prossiga assim
Mais uma vez eu lhe peço
Tuparetama não sai
Do caminho do progresso
Minha Região Poética, O Pajeú, nos
presenteia com verdadeiras obras da poesia e a companhia destes gênios, os
vates, Aldo Neves e Dió de Santo Izidro, no Sítio
Várzea de Cima, no dia 03 de dezembro de 2011, quando nos proporcionaram versos
como estes:
SEXTILHAS E SEPTILHAS SOLTAS
TEMA: DEPOIS DA MORTE DO DIA
Dió
Dió
Depois que a tarde começa
Logo o crepúsculo inicia
O sol coloca em seus raios
A mais bela fantasia
Enfeitando o horizonte
Na sepultura do dia
Aldo
Depois da morte do dia
O vento dá um açoite
O violão da saudade
Me ajuda a fazer pernoite
E a saudade marca o ponto
No prontuário da noite
Aldo
Depois da morte do dia
Hora, minuto e segundo
A ponte serve de abrigo
E de lençol pra um vagabundo
E meu pensamento poético
Dá uma volta no mundo
Aldo
Vejo que o sol vai embora
E um colibri faz manobra
Se arrastando na areia
Deus deixa o rastro da cobra
E um Colibri mata a sede
Num resto d’água que sobra
Aldo
Depois que o sol vai embora
No curral a vaca berra
A água passa no chão
Fofando o corpo da terra
E o vento toca uma música
No espinhaço da serra
Dió
Nosso assunto não se encerra
Eu acho que está errado
O palco onde o passarinho
Cantava tão animado
Hoje ao invés de cantar
Chora num toco cortado
Aldo
O céu, um acochoado
O mundo, um canto restrito
No vácuo da serrania
Um Nambu dá um apito
E a lua desfila acessa
Na praia do infinito
Dió
Onde o pássaro dava um grito
Hoje não tem condição
Ao invés da árvore florida
Se quer cantar... É no chão
Devido ao homem malvado
Com tanta devastação
Aldo
Um lençol preto no chão
Pra mim... Um segredo
O pássaro se deita à tarde
Mas levanta muito cedo
Deus só não volta pra terra
Mas “catuca” com um dedo
Aldo
A serra faz alarido
Vento sacode a montanha
O vento não quebra as pedras
Mas subindo, somente arranha
E o vento rasga o tecido
Pra fazer raiva a aranha
Dió
Eu sei que ninguém estranha
Mas isto nos desconforta
Tantas madeiras cortadas
Pra ripa, caibro e pra porta
E a boca da natureza
Tá escarada e morta
Aldo
O vento bate na porta
D’um casebre abandonado
A baba corre na boca
D’um cabrito enchiqueirado
O bucho faltando leite
Vendo a mãe do outro lado
Dió
Tá tudo desmantelado
Posso dizer logo após
Que’de o galho? que’de a rama?
Que’de o pau? Que’de os cipós
E a Natureza sofrendo
E a culpa é de todos nós
Dió
Eu sou igualmente a queixa
Guando a espingarda dispara
Sou igualmente um preá
Que sai dentro da coivara
Igual um SINTO, d’aquele
Que tem vergonha na cara
Dió
Sou o perfume da flor
Sou a cor branca da paz
Sou equilíbrio ecológico
E tudo eu serei capaz
Sou o que Deus faz querendo
E o homem quer e não faz
Aldo
Eu sou a luz reluzente
Que no espaço passeia
Pássaro que acorda a Aurora
De quatro pra quatro e meia
E onda que desmancha a praia
Num branco frio de areia
Dió
Eu sou igualmente a cheia
Sou alguém que não reclama
Sou sequidão no nordeste
Também sou água e sou lama
Sou um pingo de orvalho
Que a madrugada derrama
Aldo
Eu sou a ponta de rama
Sou lua da cor de prata
Pássaro que não cruza o mundo
Até que o vento lhe empata
Sou água que tira o cisco
Do bojo da catarata
Dió
Eu sou as árvores da mata
Que se aquece no sol quente
A fruta que amadure
De forma tão excelente
Que Deus dá pra Natureza
Sem cobrar nada d’agente
Aldo
Eu sou o sol reluzente
Sou canto de serafina
E um Sagüi que se alimenta
À procura de resina
E um riacho de saudade
Depois que o dia termina
Dió
Eu sou igual a resina
Que apresenta à qualquer hora
Eu sou igualmente ao som
Que transmite uma sonora
Sou um pedaço de bolo
Sou bico d’um consolo
De um inocente que chora
Aldo
Sou o vaqueiro sem espora
Sou luz e sou e sou Aladin
Enchente cobre o mundo
Sou vazante de capim
E um violão de saudade
Tocando dentro de mim
Dió
Eu sou a flor do jardim
Que a natureza propôs
Sou um pedaço de pão
Sou feijão e sou arroz
Eu sou vontade não pouca
Sou alimento na boca
Que ela deu pra todos dois
Aldo
Sou o antes e depois
E coqueiro que bota cacho
Sou ninhanda de gambá
Sem saber qual feme ou macho
E bacurau que faz o ninho
Na
barreira do riacho
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