ESTES VERSOS, PARA QUEM
CONHECEU E VIVENCIOU O BOM JESUS, SÍTIO DOS MEUS AVÓS, NA PEQUENINA CIDADE DE
MANAÍRA –PB, NO INÍCIO DOS ANOS 70 AO FINAL DOS ANOS 80, COM CERTEZA, A
NOSTALGIA VAI BATER NO CORAÇÃO E VAI SENTIR A ENCHENTE DA SAUDADE DEVOLVENDO OS SEUS TEMPOS DE INFÂNCIA.
O BOM JESUS DE MÃEZINHA
E PAPAIVOVÔ
As lembranças da minha
meninice
Minhas férias que eu
guardo na lembrança
Meus castelos de sonhos
de criança
Esta casa mostrou sem
que eu pedisse
Nossa vó já cansada da
velhice
De garrancho a vassoura
ela formava
Com capricho no chão
ela passava
Essa cena parece que
estou vendo
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
Impossível, é chegar
neste local
Sem lembrar da figura
de Mãezinha
Seu terreiro enfeitado
com galinha
Lençol branco estendido
no varal
Nosso avô apontando no
quintal
Que da luta diária
regressava
Num curral de madeira
ele trancava
O seu gado, com o sol
quase morrendo
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
Pé de turco o terreiro
sombreava
Defendendo do sol esse
recinto
Quando o neto mais ruim
rasgava um pinto
Com um cipó bem fininho
ela exemplava
Pouco tempo depois
acarinhava
Pois sabia o que
estava, ela fazendo
Pra que o neto
crescesse já sabendo
Que se vó não Lhe
desse, a vida dava
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
Rapadura do quarto da
cozinha
Nel ou Neca era
sempre quem furtava
E a panela de barro eu
quem raspava
De uma papa que vô
comido tinha
Tirei ovo de baixo da
galinha
Só pra ver se o filhote
ia nascendo
Mas depois eu fiquei,
ovo vendendo
Pra pagar as cocadas
que eu comprava
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
A roseira, a morada
perfumava
No caminho do açude um
umbuzeiro
Capão gordo trancado
num chiqueiro
Era o frango que a
minha vó capava
A botija de pinha que
eu enterrava
Quando a pinha já
estava amolecendo
Dava errado se alguém
tivesse vendo
Que esse alguém com
certeza mim furtava
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
Para o soturno o
transporte era animais
Para o Belém fui a pés
todas às vezes
Pra o cercado dezoito
atrás das rezes
São percursos que eu
lembro até demais
Tomar bênção e tio
Quinca e a tio Brás
A tio Lula e a Neném,
bolo fazendo
Era um bolo no caco e
outro eu comendo
Mas o cão e gata é quem pagava
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
Seu cabelo da cor de
algodão
Sua louça tão limpa que
espelhava
O fenômeno que mais lhe
atormentava
Era a noite de chuva
com trovão
Amarrada, pertinho do
fogão
Que era papaivovô que lhe amarrava
O casal de velhinhos se
abraçava
E o trovão no telhado
estremecendo
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
Muitas cenas se viu
nesse terreiro
Cenas essas que só
menino inventa
Vi pandeiro trocado por jumenta
E quem perdeu foi o
dono do pandeiro
Pois a jega tornou-se o
amor primeiro
Do meu mano que tanto
lhe ajeitava
Como esposa, a jumenta
ele tratava
E até hoje ele diz: não
me arrependo
A SAUDADE MOSTROU VOVÓ
VARRENDO
OS TERREIROS QUE TANTO
ELA ZELAVA
Pedro Dias Rabelo de Vasconcelos (Zé Barreira)
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