terça-feira, 24 de julho de 2012

SONETOS


O Brinde

Se há no mundo um Deus para os acasos
Que pela humanidade o bem reparte
Que dá fortuna te dê a melhor parte
Mil venturas te dê, sem lei nem prazos

Eu de alegria tenho  os olhos rasos,
De lágrimas, querida ao vir brindar-te
Quando vejo que até para saudar-te
As flores se debruçam sobre os vasos

O meu brinde é sumário, curto e breve
O nome de quem se quer quando se escreve
Perde-se a pena em traços ideais

Um anjo como tu, quando se brinda
Tem-se a missão cumprida, a festa finda
Quebra-se a taça e não se bebe mais
(Desconhecido)

FOI BREVE, MUITO BREVE A NOSSA HISTÓRIA
(Ronaldo Cunha Lima)

Foi breve, muito breve a nossa história
Mas o bastante para ser lembrada
Como história de amor que foi contada
Por sua condição contraditória

Foi curta, muita curta a trajetória
Mas breve, muito breve a caminhada
É uma pena que ninguém fez nada
Para impedir que fosse transitória

O tempo, foi detalhe nos instantes
E os instantes, moldura dos amantes
Parecendo real, mas ilusória

E o tempo na lembrança nos escreve
Nossa história de amor foi muito breve
Mas o bastante para fazer história



Diniz Vitorino fez:

Se me enxotas mulher, eu parto, já é hora
Não me humilhes no pranto da partida
Pois o maior desspero de quem chora
É não ter sua dor reconhecida

Minha lágrima é de amor, nasceu agora
Mas a tua, depois será nascida
Quanto mais escondida ela demora
Mais será lacrimosa a tua vida

Teus remorsos virão... Eu não sei quando
Haverás de chorar de vez em quando
Eu também chorarei sem ti na acama

Tuas lágrimas expressam falsidades
As minhas, são gotas de saudade
Jamais secam, nos olhos de quem ama


A M I G O

Coração de amigo, um armário imenso!
Onde deposito todos meus queixumes;
Meus ressentimentos ou os meus ciúmes
Deixam-no, às vezes, taciturno e tenso.

Páginas abertas sobre meus costumes,
Íntimas consultas, de coisas que penso,
Formam, com certeza, um capítulo extenso,
Uma coletânea de grossos volumes.

Exponho com toda naturalidade,
Em nome de nossa eterna amizade,
As minhas angústias, emoções e medos,

Os novos amigos, ou amigos velhos,
São os meus oráculos e meus evangelhos,
Meu banco de dados de guardar segredos.
Daudeth Bandeira

Se Voltares...

Como o sândalo humilde que perfuma
E o ferro do machado que lhe corta,
Hei de ter a minh’alma sempre morta
Mas não me vingarei de coisa alguma.

Se algum dia, perdida pela bruma,
Resolveres bater à minha porta,
Em vez da humilhação que desconforta,
Terás um leito sobre um chão de plumas.

E em troca dos desgostos que me deste
Mais carinho terás do que tivestes
Os meus beijos serão multiplicados

Para os que voltam pelo amor vencidos
A vingança maior dos ofendidos
É saber abraçar os humilhados.
(Rogaciano Leite)

Homenagem do poeta Dedé Monteiro ao Professor e Advogado José Rabêlo de Vasconcelos

“Quem passou pela vida em brancas nuvens
E em plácido repouso adormeceu
Quem sentiu o fio da desgraça
Quem passou pela vida e não temeu
Foi espectro de homem, não foi homem
Só passou pela e não viveu”


Mas tu , Rabelo, tu viveste tanto,
Fizeste tanto, tanto te doaste,
Que, mesmo em vista de algum desencanto,
Seguiste em frente, não te acovardaste.

Vestindo toga de demônio e santo,
No mais terrível divinal contraste
Foste guerreiro do riso e do pranto
Todas as lutas sem temor lutaste

Se a poesia perde uma menestrel
Perde o direito um gênio bacharel
E o magistério um mestre sem igual.

Enquanto a gente sofre, chora e sente,
O céu gargalha sobre a dor da gente
Por que recebe um santo genial.
(Dedé Monteiro)


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